Não há governo que salve as empresas dos próprios pecados

Descontemos desse enunciado todas os argumentos macroeconômicos para os resultados contraproducentes de um negócio. Ainda sobra uma porção de razões que comprometem a perenidade organizacional com mais intensidade. Em tempos de crise, muitas práticas que pareciam “tranquilas” podem ser fatais. Na sequencia aponto alguns “pecados” em que não se imputa culpa nos governos:

1. Gestão da Incompetência: As empresas que mantêm gestores desqualificados por razões políticas internas ou externas são “reféns” que acreditam tirar vantagens pouco relacionadas à boa governança.

2. Gestão da Sonegação: Sonegar impostos é crime. As empresas que fazem da sonegação um argumento para a sobrevivência sequer deveriam existir. Prestam desserviço à sociedade na medida em que se apropriam de recursos a serem destinados à saúde, educação, segurança, infraestrutura. Além disso, comprometem a sobrevivência de empresas que honram com os compromissos fiscais. Então, caixa 2, caixa 3…é coisa de empresa de caixa prego.

3. Gestão das Impressões Vazias: Os esforços e recursos dispendidos para se ‘vender’ uma imagem afastada da realidade prática vivida pelos funcionários, clientes e demais stakeholders são puro desperdício. O discurso corrente em torno da Sustentabilidade e Responsabilidade Social utilizado por empresas conhecidamente irresponsáveis e insustentáveis é ultrajante.

4. Gestão da Meta pela Meta: Há gestores que estão mais preocupados com o controle dos indicadores de gestão do que com a gestão em si. Muitas empresas que operam numa lógica de “gestão por resultados” desconhecem modelos de gestão que priorizam os processos e tendem a ser ineficientes. Algumas empresas têm indicadores que são substrato de qualquer coisa que serve para nada.

5. Planos Estratégicos sem Estratégia: Há empresas que gastam tempo fazendo “planos estratégicos” sem sequer definir a estratégia. O movimento dessas empresas é parecido aos voos de uma galinha. Também há aquelas empresas que pensam na estratégia como um “segredo” a ser guardado. A estratégia das empresas bem-sucedidas é conhecida entre todos os stakeholders e mais do que conhecida é exercida e claramente expressa no modus operandi organizacional.

6. Gestão pelo Medo: Algumas empresas se aproveitam do momento de crise para demitir profissionais, ao mesmo tempo em que contratam outros com baixa remuneração. Na mídia de negócios, alguns consultores propõem a substituição de profissionais para aproveitar a onda de demissões e a suposta fartura de gente qualificada desempregada. Sem contar na sobrecarga de trabalho imposta aos “sobreviventes” sob a constante ameaça do desempenho. Isso é prática de carniceiros, não de gestores.

7. Mandar a conta para o Cliente: Empresas geralmente transferem aos clientes e consumidores todos os custos da própria incompetência a partir dos preços. Ouso dizer que não há política econômica que contenha a inflação quando empresas cada vez mais incompetentes acreditarem que o consumidor final vai sempre pagar a conta. Notemos que os padrões de consumo estão mudando e a crise está reposicionando as prioridades do consumidor brasileiro. Aviso aos navegantes que os consumidores não estão dispostos a pagar essa conta.

Períodos de crise podem depurar os ecossistemas a partir de novos parâmetros em diferentes dimensões. As empresas também passarão por novos crivos…esse é o lado positivo!

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