Da Competição à Cooperação

Há algumas décadas a maioria das empresas têm privilegiado posturas de competição para ocupar espaço em diferentes mercados. As análises em torno dessas estratégias geralmente lidam com agentes de um mesmo setor como se estivessem em campo de batalha num jogo de “forças”, “poder de barganha”, e “ameaças” numa balança desequilibrada que lida essencialmente com as dimensões financeiras. Sem contar na pretensa intenção de ser único. Essas técnicas de análise têm o fascínio do diagnóstico e em um grande número de setores oferecem algum grau de predição, ainda que por pouco tempo.

É bem possível que os adeptos de lógicas centradas na Competição manifestem desconforto com interações mais colaborativas, até porque as estratégias de Cooperação pedem antes de tudo líderes que saibam cooperar em si. A agressividade proposta nas interações de competição nunca foi saudável em essência. O discurso da Competição Saudável entre empresas, pessoas ou setores é falacioso. As relações pautadas na Competição não são sustentáveis, tampouco perenes.

Na contramão da Competição, configuram-se as interações de Cooperação, que implica em movimentos fundamentais, postos a seguir:

  • da lógica do poder de barganha entre fornecedores, compradores…para a sinergia entre os agentes. É mais do que configurar uma cadeia de valor, implica explorar as possibilidades de valor de uma ação articulada, conjunta e de base colaborativa.
  • da agressividade e rivalidade entre os concorrentes…para a possibilidade de dividir incertezas e compartilhar processos. É mais do que uma ação oportunista, pede relações de confiança. E confiança não se negocia, se conquista a partir da governança das redes de relacionamento.
  • de ações e estratégias focadas/limitadas no setor para as relações com outros agentes de outros setores. É mais do que fazer sondagem de ameaças, implica explorar o potencial das relações com outros setores para geração de inovação.
  • das relações hierarquizadas para relações horizontalizadas. Horizontalizar é mais do que descentralizar.

 

Destaca-se o fato de que a transição da lógica de Competição para a Cooperação transcende as transações puramente contratuais. As relações cooperativas, precisam de pessoas e líderes com perfil colaborativo. Não se pede “sangue nos olhos” quando se deseja de fato cooperar.

Ouso afirmar que as empresas que não aprenderem a cooperar de maneira genuína perderão espaço para empresas de dinâmica colaborativa. Vamos combinar, a competição já deu o que tinha que dar.

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