Elon Musk: a disrupção tem limites?

Elon Musk tem sido destacado inicialmente na área de tecnologia como referência para startups. Nos últimos três anos ganhou força com as publicações relacionadas a negócios, economia, inovação, tecnologia, sustentabilidade, política dentre outros. Participa de reuniões com Trump, é recebido no Pentágono, tem trânsito e contratos com a NASA e para arrematar é reverenciado no World Goverment Summit – 2017 em Dubai – falando para árabes do petróleo sobre veículos elétricos, alienígenas e colonização de outros planetas…

A mídia de negócios é hábil em construir roteiros e histórias de sujeitos míticos e solitários. As equipes de profissionais que dão corpo às ideias disruptivas dos “visionários” são apenas figurantes, isso quando aparecem nos storytellings. Elon Musk e os profissionais das mais diversas áreas que compõem suas empresas têm potencial disruptivo. Em levantamento de informações sobre as empresas e Elon Musk é possível destacar:

  1. A TESLA, fundada em 2003 no Vale do Silício fabrica carros totalmente elétricos. Mais do que “embarcar” tecnologia, é uma empresa tecnológica em si. Hoje a empresa supera valor acionário da Ford e GM, que sequer são vistas como concorrentes. Para Elon Musk, seus concorrentes podem ser empresas como Google. Intensa especulação à parte, os investidores estão apostando no elevado potencial de rentabilidade da empresa a médio prazo. https://www.tesla.com
  1. A Solar City era a maior instaladora de painéis fotovoltaicos dos Estados Unidos. Com a aquisição da empresa pela Tesla, pretende-se a produção de painéis. Essa aquisição gerou controvérsias entre analistas de mercado e acionistas, visto que tal verticalização energética ainda é muito cara. Vários acionistas reclamam, mas não desistem, considerando que a perspectiva de retornos sobre os investimentos a curto e médio prazo é descabida para a avaliação de investimentos em inovações disruptivas. http://www.solarcity.com
  1. A SPACEX lançou em 30 de março de 2017 o primeiro foguete Falcon reutilizado, para levar ao espaço um satélite de telecomunicações. Fundada em 2002 a empresa ambiciona, reduzir o custo de acesso ao espaço. Há projetos em avançado estágio para realizar viagens turísticas ao espaço. Elon Musk deseja mais, quer chegar na Lua, Marte, Júpiter… e “por que não colonizar o espaço?”.

http://www.spacex.com

  1. Além das três áreas citadas, Elon Musk tem interesse no campo da Inteligência Artificial. Até 2016, manifestava receios a possíveis ameaças sobre o mesmo tema. O discurso tem mudado no início de 2017. Mais do que receptivo à ideia, Elon Musk percebe promessas com a simbiose homem-máquina. Os argumentos vão desde os benefícios ao tratamento de doenças degenerativas do cérebro até a possibilidade de inteligências biológica e digital impulsionarem a capacidade cognitiva humana para desempenhos infinitamente superiores.

Considerando as informações indicadas anteriormente, faço algumas inferências sobre as possibilidades para o futuro dos negócios em alguns setores em curto, médio e longo prazo.

  • Investidores estão apostando intensamente nas empresas de Elon Musk. Desejam rentabilidade de curto e médio prazo com a Tesla. Mais do que apostas sustentáveis, alavancam projetos audaciosos de potencial disruptivo no setor automotivo. Algumas gigantes do setor automotivo desaparecerão em menos de uma década. Não haverá condições para operar com as atuais plataformas – outras, resolvem fechar contratos para pesquisa e desenvolvimento conjunto com a Tesla – uma estratégia interessante em tempo exíguo para inovações na própria estrutura.
  • Pode-se afirmar que o fato de a Tesla dispor de executivos vindos da “velha” indústria automotiva diminua a velocidade das mudanças, em função dos arquétipos de executivos e engenheiros corresponderem em algum grau aos padrões anteriores. Mas as mudanças nesse setor são irreversíveis a médio prazo.
  • A mobilidade compartilhada está amplamente difundida em países desenvolvidos. No Brasil, o sonho de “ter um carro” é das gerações anteriores. Adolescentes e jovens desejam mobilidade, e em muitas cidades, automóveis significam cada vez menos mobilidade. Não fosse nosso conhecido “retardo em urbanismo” e sustentabilidade, as empresas do setor automotivo já teriam repensado sobre a viabilidade do mercado brasileiro. A indústria automobilística atual, se considerada sob a lógica de sustentabilidade está associada à
  • As novas plataformas de negócios dispensam intermediários, especialmente os físicos: as concessionárias desaparecerão da cadeia de valor desse setor. No Brasil, as concessionárias em sua maioria, têm estrutura de empresa familiar. Salvas exceções, já perecem com estruturas e perfis de gestão anacrônicos, além de relações fragilizadas com as fabricantes.
  • Pelas movimentações, Elon Musk vai explorar o potencial de geração de caixa da Tesla e da Solar City para financiar sua paixão pelos foguetes e pelo espaço. Têm à disposição uma equipe com centenas de engenheiros das mais diversas áreas, o que permitirá com a tranquilidade de quem lida com um segredo de polichinelo desenvolver carros elétricos, autônomos, digitais e acessíveis. Claro, nem precisaremos esperar muito para verificar a indústria chinesa se movimentando habilmente nesse setor. O potencial de geração de novos conhecimentos da Spacex faz sombra a organizações institucionalizadas no setor de exploração espacial.
  • A Inteligência Artificial é essencialmente multidisciplinar. Para a área da saúde, por exemplo, envolve medicina, neurocientistas, engenharia de software, robótica dentre outras áreas. Há mais de um ano a inteligência artificial da Google venceu jogador lendário de GO. Com a Computação Cognitiva, Watson da IBM, faz qualquer um repensar os limites. Watson lê mais de 4000 artigos por segundo, também pode levantar todas as leis publicadas no planeta em poucos minutos. Com a computação cognitiva é possível desenvolver análises de dados precisas sobre qualquer área da gestão empresarial ou pública. Numa perspectiva de duas décadas novas profissões ocuparão o lugar de muitas outras superadas. É fato que as atividades de elevado nível de previsibilidade e programação desparecerão. Para as atividades que dependem de projeções e simulações a substituição será facilitada com inteligência artificial.

Quanto à simbiose homem-máquina, já testada em algum nível, também há promessas. Para alguns quase apocalípticas; para outros, mais um limite a transpor, que o diga Tony Stark…

 

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