Empreendedorismo é outra história…

Uma reportagem veiculada no programa Fantástico, dia 12/01/2020 foi compreendida de maneira diversa. A repercussão acerca da compreensão sobre temáticas como: empreendedorismo, aplicativos e subemprego.  

Em síntese, a reportagem apresenta as narrativas de três pessoas: 

·     Um deles não conseguia emprego, estava com a carteira de trabalho sem nenhum registro, tentou três faculdades mas não concluiu. Resolveu ser bartender. Entrou num aplicativo que agencia e conecta bartenders para eventos.

·     Outro, era da área administrativa, foi demitido e entendeu-se capaz de desenvolver outra atividade, a de maquiador. Também entrou num aplicativo que agencia maquiadores para trabalhos em domicílio.

·     Uma mulher que precisava articular o trabalho com a maternidade. Utiliza aplicativos de mensagem e redes sociais para vender bolsas, estojos, dentre outros produtos de costura. Assim, consegue trabalhar e cuidar da filha. 

41% da população economicamente ativa está trabalhando de maneira autônoma, na maioria informal. A economia do Brasil perece há quase uma década, mas sozinha não responde por esses números. Há também variáveis de natureza tecnológica que estão modificando os modelos de transação e setores industriais inteiros estão sendo transformados. Agregue-se aí, os parcos investimentos na educação, considerando as proporções necessárias frente às inovações.

            Sobre os aplicativos, destaca-se que a maioria concentra-se e especializa-se numa atividade (aplicativo do motorista, aplicativo de entregas, aplicativo de maquiagem, do bartender…). Os modelos de negócios dessas plataformas concentra-se no “agenciamento” de profissionais e as transações destes profissionais com os clientes geralmente é “controlada” pelas plataformas. O modelo de monetização ocorre em função das transações de trabalho, retendo até 40% dos valores transacionados. Daí o argumento em algumas frentes, de que as pessoas que trabalham nesses termos são “empregados de aplicativos”.              

Concordo sobre o exagero ou equívoco, deliberado ou não, quando essa modalidade de trabalho (formal ou informal) é chamada de empreendorismo. Não basta ter CNPJ para ser empreendedor. Algumas características do(a) empreendedor(a), são difundidas há quase um século e passam por atualizações. 

Dentre as características do(a) empreendedor(a) configuram: visionário(as)s, inovadore(a)s, adepto(a)s a mudanças, desenvolvem autonomia, aprendem constantemente, assumem riscos, têm autoconfiança, são persistentes e lideram. Com essas capacidades os(as) empreendor(a)s mobilizam pessoas, recursos, estruturas e tecnologias para produzir bens ou serviços, geralmente inovadores.

Há que se destacar que no Brasil e no mundo, o empreendedorismo pode ser desencadeado, tanto pelas oportunidades quanto pelas necessidades. No Brasil, o empreendedorismo é em maior número gerado pela necessidade. Em países desenvolvidos o número de empreendedores é menor e mais influenciado pelas oportunidades. 

Quanto à mensagem do internauta penso da seguinte maneira: 

a)   Sim, há romantização sobre o empreendedorismo. O trabalho “agenciado” por aplicativos não configura empreendedorismo. Não basta ter CNPJ para ser empreendedor.

b)   Sim, empreendedorismo por necessidade também é empreendedorismo, assim como por oportunidade. Economias que têm trabalho para todos, os níveis de empreendedorismo são mais baixos e quando ocorrem são derivados de oportunidades, na maioria dos casos. Nos dois casos, a qualificação, a atuação em rede, bem como políticas públicas econômicas, fiscais e de financiamento dizem muito sobre os níveis de impacto do empreendedorismo nas sociedades.

Sobre os aplicativos, há plataformas diferenciadas, como a Nobis, que visam promover inclusão social e econômica pela geração de renda a partir da conectividade e qualificação das pessoas à trabalhabilidade, com modelos de negócios focados no impacto sustentável.

É importante esclarecermos essas novas realidades com responsabilidade e compromisso com um Brasil mais desenvolvido econômica e socialmente. Narrativas que individualizam as responsabilidades, isentam instituições e organizações de suas funções fundamentais no desenvolvimento do país. 

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