A Estratégia de Reestruturação não é Alinhada com Tesoura

Qual estratégia empresarial está mais presente entre as empresas de diferentes setores, portes e nacionalidades nos últimos 15 anos?

Se você fizer um levantamento em publicações de gestão e negócios nos últimos 15 anos para responder a essa questão vai encontrar algumas estratégias muito conhecidas. Faço aqui a exposição de uma das estratégias mais adotadas nas empresas, a Reestruturação, bem como suas aplicações limitadas ou equivocadas.

Reestruturação não se resume a Redução de Custos

A estratégia de Reestruturação é comum entre todas as empresas e vem na maioria das vezes acompanhada da vontade de Redução de Custos. Onde está a reestruturação? Nunca esteve por não conter sua essência. Uma estratégia de Reestruturação implica em mudanças Estruturais, ou seja, mudanças no modus operandi e na maneira como as atividades são organizadas e conduzidas.

Os benefícios ou impactos de uma estratégia de Reestruturação transcendem a Redução de Custos. Diga-se de passagem, reduzir custos em si, não é estratégia.  Em alguns casos, o propósito de reduzir custos é tão despropositado (sem alinhamento com missão e visão organizacional) que se torna altamente pernicioso…mais ainda quando acompanhado de um sistema de metas míopes que avaliam de maneira fragmentada o desempenho organizacional.

Se a sua empresa precisa adotar uma estratégia de Reestruturação, então esteja disposto a RE-ESTRUTURA-AÇÃO. Uma empresa que Reestrutura a Ação, pode por exemplo desenvolver a mudança de uma Estrutura Funcional para uma Estrutura por Processos. Pode parecer simples, mas não é! Uma mudança como essa implica numa verdadeira revolução interna. E onde fica a redução de custos? Vem junto… com todos os outros resultados, como consequência…não como um fim em si mesma.

Poucas empresas estão dispostas a se reestruturar, mas usam muito o discurso da reestruturação como pano de fundo para algumas ações. Cito algumas:

ERRO 1: Demitir pessoas competentes desesperadamente para “enxugar custos com a folha de pagamento” não é Reestruturação. É problema de gestão. Empresas competentes empregam pessoas qualificadas e garantem relações de trabalho decentes e atrativas por meio de políticas e práticas de gestão que buscam a excelência. Pessoas competentes e comprometidas têm elevadas entregas e geram valor para o negócio.  Ah… e sem essa de falar abertamente que seus funcionários são incompetentes – a menos que tenham entrado pela chaminé, de paraquedas ou pela porta dos fundos. Atente para a área de Gestão de Pessoas ela é tão estratégica quanto qualquer outra área da empresa… porém vai até os limites de seus gestores. Não espere visão estratégica quando não há cognição estratégica.

ERRO 2: “Cortar” investimentos na qualificação da empresa não é Reestruturação. Converge mais com a estratégia de Liquidação. Para poder reestruturar, é preciso investir no desenvolvimento de novas competências para novas estruturas de ação com foco estratégico.

ERRO 3: “Apertar” as metas aumentando os indicadores e acirrando as relações entre gestores, áreas e empresas não é reestruturação – é aniquilamento organizacional – principalmente se as metas e indicadores não foram repensados em termos estratégicos. Indicadores servem para indicar como a empresa está e como ela pode ser melhorada a partir de retroalimentação e feedback constante. Deve servir mais para avaliação do desempenho organizacional do que de indivíduos, e não tem relação alguma com a competição interna!

A estratégia de Reestruturação é uma estratégia prioritária nas empresas. Com uma empresa reestruturada, as demais estratégias (Integração Vertical ou Horizontal, Diversificação, Alianças) poderão ser empreendidas com mais fluidez organizacional. Adotar qualquer uma dessas estratégias sem ter uma empresa bem estruturada é contraproducente.

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